A
Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou no início desta quarta-feira (12/12), por maioria de votos, o projeto de lei do casamento
igualitário, que autoriza e equipara em nome, direitos e obrigações as
uniões de casais homossexuais às celebradas entre heterossexuais. A
informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Após um
longo e intenso debate, a lei foi aceita com 81 dos 87 votos possíveis
depois que o projeto do governista Frente Ampla, que tem maioria na
câmera baixa, alcançou o apoio de vários legisladores dos partidos
opositores Nacional e Colorado.
A norma aprovada
deverá ser ratificada pelo Senado, onde o governo também tem maioria, e
depois promulgada pelo Executivo, o que pode acontecer no início de
2013.
O projeto, que consta de 29 artigos, assinala expressamente que o Código Civil considerará como casamento "a união permanente entre duas pessoas do mesmo ou de diferente sexo", pelo que aos casais formados por dois homens ou duas mulheres serão aplicadas as mesmas normas que aos integrados por um homem e uma mulher.
O
aspecto mais chamativo da nova norma será a regulamentação sobre a
ordem dos sobrenomes dos filhos, o que afetará também os casais
heterossexuais. Em vez de o sobrenome paterno ser colocado em primeiro
lugar, a lei prevê a possibilidade de os casais heterossexuais optarem
por qualquer ordem, assim como farão os homossexuais.
Segundo
o jornal uruguaio "El País", uma das determinações mais relevantes é a
mudança no 14º artigo do projeto, que prevê que os filhos de casais
homossexuais não poderiam conhecer a identidade dos pais biológicos.
Durante a discussão, os parlamentares afirmaram que o artigo fere o
direito da criança à identidade.
Ficou
estabelecido que a criança não poderá saber quem são seus progenitores
somente em casos de fertilização in vitro. A decisão foi atribuída a
garantia de preservação de identidade dos doadores a bancos de esperma.
Inicialmente,
todos os deputados do partido Frente Ampla, que possui a maioria na
Câmara dos Deputados e no Senado já haviam manifestado seu voto a favor
do projeto. Alguns parlamentares do Partido Colorado e do Partido
Nacional também apoiaram a iniciativa, proposta pelo governo.
Organizações como o Instituto de Direito Civil e a Igreja se
manifestaram contrárias as mudanças.
Segundo Diego
Sempol, membro do grupo de defesa dos direitos dos homossexuais e
transexuais, Ovelhas Negras, o Uruguai vive um momento que marca uma
etapa de conquistas jurídicas e formais. "De alguma forma, o debate
social que ocorreu nos últimos anos foi bem sucedido." O ativista disse
que, mesmo com as mudanças "ainda falta muito para mudar a mentalidade
das pessoas, a sociedade e a vida cotidiana".
Em
outubro, o Uruguai modificou a legislação que regulava o aborto, a
legalização da maconha e o casamento homossexual. O país foi o primeiro
da América Latina a permitir a união estável entre casais do mesmo sexo
e, se a lei for aprovada no Senado, também será o primeiro a legalizar o
casamento gay.
Revista Consultor Jurídico, 12 de dezembro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário