Transexuais já se matriculam com nome social na UFBA e na
rede pública estadual
SALVADOR - Transexuais já podem se matricular, a partir deste ano, na
Universidade Federal da Bahia (UFBA) e na rede pública de ensino estadual com
seus nomes sociais. As portarias foram editadas em 2014 para começar a valer em
2015. O fato é comemorado como uma “vitória histórica” do gênero pela
Associação de Travestis de Salvador (Atras) e pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).
As duas entidades de apoio à luta homossexual afirmam que
"trans" — que incluem travestis e transexuais — “constituem a minoria
social mais desconhecida e discriminada no país, sofrendo opressão dentro de
casa, pois raramente recebem apoio da própria família”. Ao não ter o direito de
usar o nome adequado a sua identidade de gênero, sofrem “grave constrangimento
quando são publicamente chamadas com nomes masculino”. A Atras e o GGB
pretendem ampliar “o respeito ao nome social em todos espaços públicos, e não
apenas para estudantes e rede pública”.
Millena Passos, presidente da Atras, alega que muitos "trans"
se tornam profissionais do sexo por falta de alternativas, pois, além de sofrerem bullying nas
escolas, alguns são expulsos de casa e muitos têm dificuldade para arrumar
trabalho.
Ela acredita que as portarias da UFBA e da Secretaria de Educação da
Bahia “vão estimular muitos travestis a estudar e ter outra profissão menos
perigosa e insalubre”.
— Se alguma escola ou faculdade se recusar a reconhecer nosso gênero
feminino, inclusive o acesso a sanitário feminino, deve ser denunciada
publicamente, e a Atras acionará o Ministério Público da Bahia — comentou
Millena.
TRÊS ASSASSINATOS POR ANO
"Trans" ainda são as principais vítimas de crimes de ódio em
nosso país e no estado. De 1980 até este ano, foram assassinados na Bahia 112
travestis e transexuais, uma média de três por ano. Esperamos e torcemos para
que, ao terem o nome social respeitado nos bancos escolares, consigam melhores
alternativas de subsistência e maior esperança de vida — comentou o antropólogo
Luiz Mott, fundador do GGB. (*Da Agência A Tarde)
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